A oxigenoterapia hiperbárica na Síndrome de Fournier

A síndrome de Fournier consiste em processo inflamatório rapidamente progressivo acometendo a região perineal, desde a fáscia profunda até a pele e tecido celular subcutâneo que costumam apresentar necrose. É causada por associação de bactérias aeróbias e anaeróbias e incide mais comumente em indivíduos debilitados, diabéticos e idosos, mas pode atingir qualquer pessoa.

Alguns procedimentos cirúrgicos e urológicos tais como cistoscopia, cateterização vesical e desbridamentos de escaras, comumente realizados em indivíduos paraplégicos ou tetraplégicos, podem desencadear o surgimento dessa grave infecção cuja taxa de mortalidade não raramente ultrapassa 50%. Os primeiros sintomas são dor e edema (inchaço) na região do períneo, progredindo rapidamente para necrose da pele e tecido subcutâneo. O doente costuma cursar com comprometimento grave do estado geral, febre, desidratação e hipotensão.

Ocorre produção de secreção purulenta fétida que deve ser encaminhada para cultura e exame bacteriológico com o intuito de conhecer os germes responsáveis. No entanto, o tratamento não pode ser postergado e deve ser iniciado o mais rápido possível com intervenções cirúrgicas que visam a retirada do tecido necrótico e drenagem da secreção purulenta, além da administração de antibióticos. A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) representa tratamento adjuvante extremamente eficaz contribuindo para melhorar as condições locais de hipoxía, destruição bacteriana e recuperação tecidual, obtendo-se redução significativa das taxas de mortalidade.

O tratamento com oxigênio hiperbárico deve ser instituído o mais cedo possível utilizando-se pressões de 2,0 a 2,5 ATA (atmosferas absolutas) com sessões de 90 a 120 minutos. Na fase inicial, até que haja estabilização do quadro clínico, o doente deve ser submetido a duas sessões diárias; em seguida a apenas uma sessão por dia. O número total de sessões dependerá de cada caso.